ASCENSÃO DO SENHOR (7ª Semana da Páscoa)

ASCENSÃO DO SENHOR (7ª Semana da Páscoa)

O texto do evangelho desta sétima semana da Páscoa, solenidade da Ascensão do Senhor, é o cap. 24, versículos de 46-53, portanto, o último capítulo do Evangelho de Lucas. O texto constitui a conclusão do Evangelho. Nele encontramos mais uma vez um último apelo à alegria: “Os discípulos voltaram para Jerusalém com grande júbilo”. Por isso, e não é sem razão que Lucas é considerado o evangelista da alegria.

                   Aliás, é válido aqui salientar que, tanto no Evangelho (no final), como nos Atos dos Apóstolos (no começo), é tratado a Ascensão de Jesus pelo seu autor, o evangelista São Lucas.

                   “No Evangelho, percebemos que todos os fatos acontecidos após a morte de Jesus se realizam no mesmo dia. Nos Atos dos Apóstolos, Jesus ressuscitado permanece 40 dias entre seus discípulos, ensinando-lhes coisas referentes ao Reino de Deus” (Revista Vida pastoral, maio-junho de 2013).

                   Estejamos, pois, atentos para o verdadeiro sentido teológico dos relatos; por exemplo, quanto ao tempo de um dia ou 40 dias tem o mesmo significado: é exatamente durante esse período que os discípulos demonstram o seu testemunho de fé e vida no Senhor Ressuscitado.

                   Os discípulos estão felizes. A razão primeira pela qual percebemos a alegria dos amigos de Jesus, embora não o tenham mais ao seu lado, em forma visível, o Mestre, é que eles entenderam que ele ressuscitou, não ficou prisioneiro do túmulo, desfazendo o plano dos seus inimigos, os patrocinadores da morte.

                   Fidelidade comprovada. Jesus permaneceu na companhia da comunidade, não se distanciou. A sua maneira de estar presente não é a mesma, mas não é negada, é real. Qual a altercação? Analisemos o antes e o depois da Páscoa: Antes da Páscoa ele também estava condicionado a todas as limitações materiais, às quais nós estamos sujeitos: sentia cansaço, tinha necessidade de se alimentar, de dormir, enfrentava os conflitos, etc. Agora já não é mais assim. Com a Ascensão a sua presença não ficou limitada, mas se multiplicou o motivo da alegria dos discípulos e de todos nós.

                   Com a glorificação de Jesus, o que mudou na terra? Aparentemente nada!

                   Mas então, que diferencial trás a Ascensão de Jesus?

                   Não sei se vou ser feliz com o simples exemplo que vou oferecer, mas imaginemos assim: alguém que enxergava maravilhosa bem, de repente, por força das inesperadas circunstâncias, de repente, após ir a um oftalmologista, toma a devida consciência de ter sido acometido por um problema na visão: está com catarata, ou seja, perdeu a transparência do cristalino. Mas foi operado e recuperou a visão; o que mudou? A maneira de enxergar! Com o novo brilho reconquistado a luz venceu a penumbra, o que parecia embaçado. O mesmo acontece com as pessoas que acreditam no Cristo elevado ao céu; elas contemplam o mundo e tudo o que acontece na vida com olhos renovados: tudo para elas tem um sentido, nada mais causa tristeza. Pela fé e  pelo coração, nós contemplamos perfeitamente Aquele que foi ontem, é hoje e será sempre nossa certeza de vida.

                   Um detalhe: Jesus antes de entrar na glória do Pai, abençoa os seus discípulos. Se a bênção de Jesus se derramou sobre a comunidade dos seus discípulos, como não poderão sentir-se felizes, mesmo nas dificuldades e não nos fracassos aparentes?

                   Envio do Espírito. No Evangelho do domingo passado Jesus garantia aos apóstolos que lhes enviaria o seu Espírito. Hoje repete a promessa: “entretanto, permanecei na cidade até que sejais revestidos da força do alto” (v. 49). Nós temos certeza de que Jesus não nos abandonou; ele está conosco sempre todos os dias; temos, porém, consciência das nossas fraquezas, mas abençoados tornar-nos-emos portadores da bênção divina.

                   Gostaria ainda de lembrar que, entre as solenidades da Ascensão e de Pentecostes, não podemos nos esquecer, a “semana de oração pela unidade dos cristãos”. Muito significa para a nossa fé e para a fé da nossa Igreja as nossas disponibilidades em acolher a Ação da Santíssima Trindade, a proposta alternativa para a nossa vivência como irmandade. 

 

 

PARÓQUIA DA IMACULADA CONCEIÇÃO

NOVA CRUZ – RN

Pe. Francisco de Assis Inácio

Pároco